Cerca de 40% das brasileiras não conhecem fatores que podem fazer a diferença na prevenção do câncer de mama, segundo pesquisa realizada pelo A.C. Camargo Cancer Center, em parceria com a Nexus, empresa de inteligência de dados. Os dados mostram que, embora seis em cada dez entrevistadas afirmem saber como prevenir o câncer de mama, ainda há muita desinformação sobre o tema, além do medo gerado pelo estigma de um diagnóstico como esse, o que impede ações mais eficazes de prevenção.
O levantamento foi realizado com 1 036 mulheres de 16 a 60 anos, com diferentes níveis de escolaridade e renda, de todas as regiões do Brasil. Além da lacuna de conhecimento sobre prevenção, ele destaca outros pontos importantes: 59% das mulheres já realizaram o autoexame de toque e 53% já passaram por uma mamografia.
Entre as que nunca realizaram esses exames, 25% estão na faixa etária de maior risco, ou seja, acima dos 40 anos. Entidades como a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) indicam o rastreamento anual do câncer de mama, especialmente por meio da mamografia, a partir dessa idade. O Ministério da Saúde, por sua vez, orienta a realização do exame dos 50 anos em diante.
Incidência do câncer de mama no Brasil
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) aponta que o câncer de mama é o mais incidente entre as mulheres brasileiras, excluídos os casos de câncer de pele não melanoma. Para cada ano do triênio 2023-2025, estima-se que o Brasil terá cerca de 73.610 novos casos de câncer de mama, com uma taxa ajustada de 41,89 casos por 100 mil mulheres. As regiões Sul e Sudeste apresentam as maiores taxas de incidência.
Além disso, o câncer de mama também é a principal causa de morte por câncer entre mulheres no Brasil. Em 2021, a taxa de mortalidade ajustada foi de 11,71 óbitos por 100 mil mulheres. As regiões Sudeste e Sul lideram as estatísticas com as maiores taxas de mortalidade: 12,43 e 12,69 óbitos por 100 mil mulheres, respectivamente.
Mitos e verdades: dificuldades em diferenciar
A pesquisa do A.C.Camargo e da Nexus revela as dificuldades das entrevistadas em discernir mitos e verdades sobre a prevenção e os fatores de risco do câncer de mama.
No estudo, foram apresentadas quatro afirmações às participantes, e suas respostas (concordando ou não com elas) mostraram que muitas mulheres convivem com informações equivocadas.
Disparidades regionais e socioeconômicas
A pesquisa também reforça a existência de disparidades regionais e socioeconômicas no acesso a exames e na prevenção do câncer de mama. Segundo o INCA, as regiões Norte e Nordeste apresentam as menores taxas de realização de mamografias e de autoexame.
Mulheres com menor renda e baixa escolaridade têm menos acesso a exames preventivos e, consequentemente, são mais vulneráveis ao diagnóstico tardio da doença. Na região Norte, por exemplo, apenas 24,99 mulheres a cada 100 mil foram diagnosticadas com câncer de mama, um reflexo de menos acesso a exames de rotina e diagnóstico precoce.
Ainda de acordo com o INCA, em 2022, foram realizadas 4,23 milhões de mamografias pelo SUS, sendo 3,85 milhões com o objetivo de rastreamento. O desafio agora é aumentar a cobertura desses exames, especialmente entre as mulheres da faixa etária recomendada, entre 50 e 69 anos, onde o rastreamento pode reduzir a mortalidade.
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