Há cerca de uma semana, o Rio Perdido, que corta o Parque Nacional da Serra da Bodoquena, em Caracol, está com alguns trechos totalmente secos. Nos locais onde havia bacias d’água resta apenas o chão e um buraco vazio. Além dos estragos ambientais, o problema pode afetar o turismo, bem como a vida da população local.
O IHP (Instituto Homem Pantaneiro), que estuda as condições das cabeceiras do Pantanal, avisa há cerca de cinco anos sobre os riscos de assoreamento do rio. Segundo o instituto, há pelo menos dois motivos emergentes para a seca do rio: a falta de chuvas e o desmatamento de mata ciliar.
Segundo o presidente do instituto, coronel Ângelo Rabelo, a área do Rio Perdido que está mais afetada é a que fica localizada abaixo da Serra da Bodoquena, em Caracol. “Na serra, o rio está bem protegido, mas o problema é mesmo na parte de planície”, explica.
Tais áreas sofrem mais em decorrência dos córregos que deságuam no rio, levando muitos sedimentos ao local e piorando a situação. Além disso, segundo Rabelo, essas áreas são as mais afetadas com a pressão da agricultura.
O que é feito para resolver o problema
O problema já era previsto e ações já estavam sendo realizadas para amenizar as consequências do assoreamento do rio, mas com o nível de chuvas muito abaixo da média, não houve como evitar.
“Nós conseguimos manter uma parceria com a maioria dos proprietários de área que cercam o rio. Com isso, desenvolvemos ações como o plantio de mudas para evitar a assoreação. A gente conseguiu uma parceria com o proprietário da fazenda onde nasce o perdido, o que ajudou bastante”, detalha Rabelo.
Ele relata, ainda, que a maior dificuldade no momento é o acesso a recursos por haver um desafio, considerando que as áreas que precisam passar pelo processo de restauração são muito grandes.
Quanto ao acesso às propriedades privadas, ele explica que há poucas que não aceitam o trabalho nas terras. “No geral, temos apoio dos proprietários e mantemos diálogo com a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul)”, pontuou o coronel.
A reportagem também acionou o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), a fim de saber se o órgão realiza alguma ação para resolver o problema. Não houve resposta até a publicação. O espaço permanece aberto para acréscimo de informação.
População local
Ainda segundo o coronel Rabelo, há mais um problema em meio ao assoreamento do Rio Perdido: o modo como isso afeta os moradores da região.
“Quando fomos lá, os moradores estavam angustiados, não tem nem peixe para a pesca. Muitos deles faziam como lazer também e, sem isso, pode haver uma perda de identidade cultural, pois alguns hábitos ficam prejudicados”, frisou.
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