Um estudo publicado na revista internacional Agroforestry Systems por pesquisadores da Embrapa trouxe à tona a importância da área basal das árvores como um indicador estratégico para o manejo eficiente de sistemas silvipastoris. A pesquisa ressalta como o equilíbrio entre a densidade de árvores e a produção de pastagem pode maximizar a produtividade de madeira e, ao mesmo tempo, promover benefícios ambientais, como a conservação do solo, o aumento da biodiversidade e o sequestro de carbono. As informações foram divulgadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
A área basal, que mede a ocupação florestal através da quantificação da área da seção transversal dos troncos das árvores por hectare, é destacada como uma métrica central. De acordo com José Ricardo Pezzopane, pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste e principal autor do estudo, o manejo adequado da área basal pode melhorar consideravelmente a produtividade tanto das pastagens quanto das árvores, além de proporcionar importantes ganhos ecológicos.
Os resultados de experimentos de longo prazo mostraram uma correlação direta entre a transmissão de luz pelas árvores e a produção de pasto, além de uma relação clara entre a área basal e essa transmissão de luz. Foi identificado que uma área basal de 8 m² por hectare é ideal para manter o equilíbrio entre a produção de madeira e pastagem, permitindo que o sistema silvipastoril atinja níveis produtivos semelhantes ao de áreas a pleno sol.
Valdemir Laura, da Embrapa Gado de Corte (MS) e coautor do estudo, destacou que, independentemente da espécie de eucalipto ou da densidade de árvores por hectare, o valor da área basal se mantém constante como uma referência segura para o manejo. O estudo indica que o monitoramento contínuo dessa métrica é essencial para otimizar a produtividade sem comprometer a sustentabilidade.
As análises foram realizadas em áreas de sistemas silvipastoris nas sedes da Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos (SP), e da Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande (MS), abrangendo diferentes práticas de manejo e condições ambientais. A pesquisa incluiu medições periódicas em sistemas com densidades de árvores variando de 83 a 357 por hectare, utilizando espécies como Eucalyptus Urograndis e Corymbia citriodora.
Os dados indicam que, quando a área basal ultrapassa um determinado limite, ocorre uma competição excessiva por luz, água e nutrientes, prejudicando o crescimento das árvores e a produção de pastagem. No entanto, quando realizado o desbaste, prática comum para controlar a densidade das árvores, o sistema atinge seu máximo potencial produtivo.
O estudo também reforça a necessidade de políticas públicas que incentivem a implementação de práticas de manejo sustentável em propriedades rurais, incluindo subsídios para o monitoramento da área basal e programas de capacitação para agricultores e gestores florestais.
BATANEWS