Em um estudo detalhado sobre o cenário para a próxima temporada de soja, Alê Delara, consultor em agronegócios, destacou em seu perfil no LinkedIn uma desaceleração nas compras chinesas, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Segundo Delara, a redução na demanda se deve principalmente às margens de processamento, que permanecem baixas devido à fraca venda de farelo no mercado doméstico chinês, além de estoques elevados tanto do grão quanto do farelo de soja. A previsão para as importações chinesas é de 103,9 milhões de toneladas, mas, até o momento, apenas 20,93 milhões foram adquiridas.
Nos EUA, os prêmios tornam a soja norte-americana mais competitiva no curto prazo em relação à brasileira, mas a guerra comercial entre China e EUA pode estar limitando o fluxo de exportações. Até agora, as vendas totais de soja norte-americana atingiram 14,2 milhões de toneladas, contra uma projeção de 50,35 milhões pelo USDA. Se as vendas não avançarem significativamente nas próximas semanas, o país pode enfrentar estoques maiores, o que pressionaria os preços, especialmente no final do primeiro trimestre de 2025, como ocorreu em 2023.
No Brasil, mesmo com um início de plantio complicado, Delara não prevê riscos imediatos para a safra, com uma expectativa de produção acima de 165 milhões de toneladas. A comercialização da safra 2024/25 está em 23,02%, um desempenho um pouco melhor que nos dois últimos anos. No entanto, ele alerta para desafios logísticos durante a colheita, que pode impactar os prêmios de exportação.
As grandes questões levantadas por Delara envolvem o comportamento da China: o país acelerará as compras em breve? Ou estaria aguardando a safra brasileira, o que poderia neutralizar parte da pressão sobre os prêmios sazonais de exportação? A incerteza ainda prevalece, e as margens apertadas somadas à expectativa de uma nova safra recorde trazem riscos elevados para o mercado.
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