Quanto as organizações dão liberdade para que os colaboradores errem? De acordo com pesquisa de Segurança Psicológica, realizada pela Pulses, plataforma de soluções de clima organizacional, feita com duas mil pessoas, foi mostrado que 54% dos participantes têm medo de cometer erros no trabalho. Outro dado importante do estudo mostra que colaboradores que estão há mais tempo na empresa, costumam se sentir menos acolhidos quando cometem erros (91%), já para quem está no cargo há aproximadamente 6 meses, o índice cai para 37%.
O que esses dados mostram é algo que tem se popularizado há pouco tempo, trata-se da cultura do medo. Na Plano Consultoria Empresarial, é parte da cultura organizacional, a permissão para o erro, aliás, já se ouviu algumas vezes por parte da gestão da empresa a frase “só erra quem faz”. Modelos de negócio verticalizados (com uma hierarquia tradicional “de cima para baixo”) mais focados no comando e controle, além de estarem prejudicando ou limitando a capacidade de suas pessoas, também estão caminhando contra a inovação.
Você já tinha ouvido falar na cultura do medo? Entenda
Cultura do medo é um termo recorrente no ambiente organizacional que tem sido alvo de debates, está relacionado ao medo de julgamentos, de críticas, de feedbacks ruins e a uma liberdade não vivenciada na prática. Talvez você já tenha enfrentado em algum momento a sensação de não se impor em uma reunião, por exemplo, com medo de “falar besteira” ou de “estar errado” e pior, “de sofrer consequências por isso”. Perceba o quão doentio é alguém não poder expressar a sua liberdade em uma empresa por medo de ser “punido” por isso! E é por situações assim, corriqueiras no ambiente organizacional, que discussões em torno de mudança cultural nas organizações têm sido cada vez mais frequentes, para que se crie maior autonomia entre os colaboradores.
A cultura do medo pode se evidenciar em um momento de crescimento da empresa e impacta negativamente na produtividade, na inovação e nos resultados. Mohammad Anwar, CEO da empresa Sofway, admitiu no artigo Are You Creating a Culture of Fear? (Você está criando uma cultura de medo?), que em determinado momento foi o responsável por criar essa cultura em sua própria empresa, que ‘precisou falir’ (palavras dele), para que ele pudesse perceber o seu comportamento nocivo. O CEO destacou quatro fatores familiares em organizações que vivenciam a cultura do medo. Dúvida Para o especialista, a confiança não pode sobreviver onde se vive a cultura do medo e geralmente o que se vê em empresas neste estado é o microgerenciamento e excesso de políticas e procedimentos. Existe sempre aquela preocupação para que nada saia do controle. Punição Ambientes inovadores têm espaço para falhas. Geralmente em ambientes nocivos, se algum colaborador comete alguma falha, é repreendido e isso mina a motivação do profissional, levando-o até mesmo a sair da empresa.
Estar sempre certo O desejo de querer sempre estar certo é uma das características na cultura do medo e, geralmente nesses ambientes, as pessoas não costumam assumir os seus erros, mas preferem culpar outras pessoas. Exclusão A tendência é a de que existam as “pessoas mais importantes” e as “menos importantes”, sendo assim, as pessoas consideradas menos importantes não costumam ter voz na empresa.
Seja livre para errar, para ter ideias e para ter sua voz ouvida
O primeiro passo para que uma organização seja “curada” da cultura do medo é assumir que está sendo nociva, é praticar a autoconsciência. As pessoas precisam ser livres para cometer falhas, para expor suas ideias e para serem ouvidas. A vivência da autonomia entre as organizações ainda é um grande desafio e sabemos que, mesmo quando uma empresa afirma praticar a autonomia, na realidade, não é bem assim. Isso só pode ser transformado com a admissão dos próprios erros. Seja uma organização livre da cultura do medo, em que as pessoas se sintam livres e pertencentes para expressarem as suas ideias. Muitas lideranças ainda não estão preparadas para implementar essa autonomia, pois ainda se encontram em uma vivência de modelos de pensamento antigo.
Admitir uma cultura tóxica é necessário. Se as organizações não evoluírem para se tornarem um lugar de liberdade em que todos são parte e têm voz na empresa, a tendência é a de que sejam engolidas pelo mercado, porque empresas são formadas por pessoas e se elas não se sentem acolhidas, sequer desejarão continuar nesse ambiente. A cultura do medo tem barrado inúmeras organizações de irem adiante, de inovar e de reter os seus talentos. Você vivencia essa realidade?