A Cúpula do Futuro, que começou nesta sexta-feira na sede da ONU em Nova Iorque, reune mais de 7 mil participantes de diversos setores durante os “Dias de Ação”. Um dos destaques é a participação da sociedade civil nas discussões globais.
O diretor executivo da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais, Abong, Henrique Frota, em entrevista à ONU News, ressaltou o papel do setor, além do trabalho colaborativo com a presidência brasileira no G20.
Cúpula do Futuro, G20 e ONGs
Frota ressaltou dois eventos cruciais que ocorrerão nos próximos dias como parte das discussões do G20. O primeiro, patrocinado pelo C20, grupo de engajamento da sociedade civil, foca em economias justas, inclusivas e antirracistas, com participação de representantes do governo brasileiro e da África do Sul.
O segundo evento, apoiado por ONGs e pelo governo brasileiro, discutirá a reforma da governança global e contará com a presença do embaixador Maurício Lírio, sherpa do G20. Frota explica que ambos os eventos têm como objetivo apresentar propostas concretas da sociedade civil, tanto para o G20 quanto para a Cúpula do Futuro.
“Nossa meta é alcançar acordos mais concretos para avançarmos na agenda de desenvolvimento sustentável, na reforma da governança global e também em questões como a taxação de grandes fortunas e a transformação do sistema financeiro multilateral. Esses pontos são essenciais para alcançarmos as metas de desenvolvimento sustentável até 2030”
Atuação da sociedade civil
Frota destacou que o envolvimento da sociedade civil é um processo contínuo, que já vem ocorrendo há bastante tempo e que seguirá acompanhando de perto os eventos até o final deste ano, com foco nas discussões globais em andamento.
“O processo no G20 e nas agências da ONU começou no primeiro semestre. A sociedade civil já produziu suas recomendações, e desde julho temos participado de momentos cruciais, como a reunião de chefes do G20 e o encontro de debates financeiros no Rio de Janeiro. Em setembro, estamos participando dos ‘Action Days’ e da Cúpula do Futuro. Em outubro, teremos sessões ministeriais do G20, onde começaremos a redigir os rascunhos das declarações que serão enviadas aos líderes para a cúpula final em novembro”.
Além desses eventos, Frota lembra que a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, COP 29, que ocorrerá em paralelo à cúpula do G20 no Rio de Janeiro em novembro, também terá a participação da sociedade civil. As entidades devem apresentar propostas sobre clima, finanças climáticas e transição energética.
Recomendações das ONGs
Ao falar sobre os resultados já obtidos, Frota explicou que o grupo de engajamento da sociedade civil no G20 já existe há mais de uma década e que, ao longo desse período, foram produzidas diversas recomendações.
Em 2024, mais de 1,7 mil organizações de 91 países estão envolvidas, abordando temas prioritários como combate à fome, crise climática, reforma das instituições multilaterais e equidade de gênero.
Além disso, ele destacou a importância das negociações em curso dentro da ONU, como parte da Cúpula do Futuro, que busca garantir compromissos para a reforma das estruturas globais. Frota acompanhará de perto as discussões sobre o Pacto do Futuro, documento-chave que deverá ser adotado durante o evento.