O regime de trabalho na escala 6 por 1, ou seja, com uma folga a cada seis dias, entrou em debate recentemente no Congresso Nacional. Defensores do fim desse modelo de trabalho acreditam que essa rotina pode impactar a saúde física e mental dos trabalhadores. Mas e a libido, também é afetada?
O cansaço, físico ou mental, pode afetar a vontade de fazer sexo, e de várias formas. Quando o corpo e a mente estão exaustos, a produção de hormônios ligados ao desejo sexual, como a testosterona, pode diminuir.
Quem afirma é a psicóloga, sexóloga e terapeuta sexual Alessandra Araújo. Ela salienta que o estresse e o cansaço aumentam os níveis de cortisol, o que, consequentemente, inibe o sistema de recompensa cerebral e reduz a capacidade de sentir prazer. “Essa sobrecarga também dificulta o relaxamento e a conexão emocional, elementos fundamentais para o desejo sexual’, defende.
Mas, afinal, como ter libido ou mesmo energia quando o cotidiano pode levar a um cansaço extremo?
Uma das práticas comentadas por Alessandra é gerenciamento de tempo. “Planeje a rotina para incluir momentos de descanso e lazer, que ajudam a reduzir o estresse e revitalizar o corpo’, diz. Por mais que seja difícil, é preciso, por vezes, agendar esses momentos de intimidade com a parceria.
“Reservar momentos de conexão, mesmo que simples, ajuda a manter a proximidade e o interesse sexual, mesmo em períodos mais desgastantes’, salienta Alessandra.
Outra forma de não tornar a escala um problema que afete diretamente o casal é conversar sobre como você se sente em relação aos desejos, bem como de que maneira este cansaço pode estar afetando seu desejo — algo que, por vezes, pode vir das duas pontas do casal.
“Falar abertamente sobre cansaço ou preocupações pode fortalecer a intimidade e criar uma parceria para lidar com os desafios juntos’, recomenda a profissional.
A libido e o bem-estar sexual estão intimamente ligados à qualidade de vida, à saúde emocional e aos relacionamentos interpessoais. Manter uma vida sexual saudável contribui em diversas áreas da vida. Fortalecer os vínculos afetivos gera conexão emocional e física com o parceiro(a), reforçando a cumplicidade e a intimidade.
“Sentir-se bem com a própria sexualidade aumenta a autoconfiança e o senso de valorização pessoal. A satisfação sexual pode atuar como uma válvula de escape para tensões, promovendo relaxamento e equilíbrio emocional’, acrescenta Alessandra.
Por fim, vale destacar que cuidar da libido não é “frescura’. A sexualidade não deve ser negligenciada, mesmo diante de desafios do cotidiano. “Em dias cansativos, priorize momentos mais curtos, mas significativos, com o parceiro(a). Carícias, beijos e gestos de carinho podem ser suficientes para iniciar um momento íntimo sem pressões’, recomenda.
E não cobre tanto de si mesmo ou da parceria. “Aceite que o cansaço faz parte da rotina e que é natural ter dias com menos desejo. Em vez de se pressionar, encare esses momentos como oportunidades de reforçar o casal e explorar novas formas de conexão. A libido pode ser reativada quando há leveza e diversão no momento.’