Saúde digital tem o potencial de resolver pelo menos três importantes desafios do setor: acesso, desigualdade e custo. Essa é uma das visões que Giovanni Cerri, ex-secretário de saúde do Estado de São Paulo e presidente do conselho do InovaHC – braço de inovação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP) –, compartilhou no mais recente episódio do Futuro Talks. Mas o Brasil ainda está no começo dessa jornada, segundo ele. Isso porque essa transformação demanda uma mudança cultural, investimento e até mesmo avanços técnicos, como a conectividade.
Ao longo da conversa, Cerri explorou diversos outros aspectos da saúde digital e destacou que teleconsulta, por exemplo, é apenas uma pequena parte desse processo de digitalização, que envolve ainda conscientização por parte de todos os envolvidos no sistema e o avanço da interoperabilidade – que na visão dele é um passo necessário para o país, mas que avançamos pouco ainda. Para ele, inovação se faz de forma colaborativa e, neste sentido, ele trouxe o exemplo do Consórcio de Inovação em Saúde, anunciado em fevereiro deste ano, uma iniciativa que reúne academia (Insper), setor público (InovaHC) e privado (Hospital Alemão Oswaldo Cruz) – e que deve receber uma nova instituição em breve.
Cerri, que ainda é professor-titular de radiologia da Faculdade de Medicina da USP, presidente do conselho do Instituto de Radiologia do HCFMUSP e responsável pelo serviço de diagnóstico por imagem do Hospital Sírio-Libanês, além de membro titular e da diretoria da Academia Nacional de Medicina e da Academia Paulista de Medicina, preside também o Instituto Coalização Saúde (ICOS) – iniciativa que reúne empresas e instituições para discutir a saúde. Durante a entrevista, ele disse que viu um fenômeno interessante nos últimos anos: quanto mais o país avançava na polarização, o setor de saúde se aproximava para buscar soluções. Dentre elas, Cerri revelou que diversas propostas para o avanço da saúde digital no sistema público nasceram em discussões no ICOS.
Diante de todo esse cenário, Cerri avalia que estamos apenas no começo da exploração do potencial da saúde digital. De um lado, novos avanços devem chegar, como a inteligência artificial, que segundo ele servirá de ferramenta para os profissionais entregarem mais qualidade no cuidado. De outro, desafios como o envelhecimento e a necessidade de mudança de mentalidade – da doença para a promoção da saúde – devem pressionar ainda mais o setor para acelerar as inovações.
Confira a entrevista a seguir:
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