A safra 2024/2025 decana-de-açúcarcaminha cheia de incertezas, em especial para o volume a ser processado e às produções deaçúcare deetanol, por conta dos impactos da seca e de incêndios no final de agosto, de acordo com o Centro de Estudos em Economia Aplicada (Cepea). Com isso, aStoneXfez um levantamento sobre os incêndios nos canaviais paulistas em agosto.
Segundo os dados da plataforma de monitoramento das queimadas no Brasil, a Terrabrasilis – coordenada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) –, agosto foi o mês que mais registrou incêndios na história do estado de São Paulo, totalizando 3.612 focos ativos no período.
Cruzando os dados do Terrabrasilis e do Painel do Fogo, foram identificados entre210 e 220 mil hectares com cobertura de canasob área de influência das queimadas no período analisado (22 a 24/ago) no estado de São Paulo.
Considerando um raio de 5 km no entorno das usinas do estado, 29 das 172 unidades tiveram impacto das queimadas, sendo 19 delas apenas nas mesorregiões de Ribeirão Preto e São José do Rio Preto.
No total das nove mesorregiões analisadas, representando 95% da área de cana paulista, e praticamente a totalidade das queimadas, foram contabilizados 2 mil focos, afetando 4% da área de São Paulo.
No total das nove mesorregiões analisadas, representando 95% da área de cana paulista, e praticamente a totalidade das queimadas, foram contabilizados 2 mil focos, afetando 4% da área de São Paulo. Entre as mesorregiões que tiveram mais impactos nos canaviais, estão:
“No geral, entende-se que os impactos para o plantio de 2025/26 (abr-mar) e para a cana disponível no ano que vem preocupam mais o setor, especialmente por trazer perdas diretas de área e onerar produtores e usinas com o replantio. Para 2024/25, as perdas são incertas, seja pela dificuldade de identificar o tipo de cana em cada área, seja porque mesmo queimada a cana ainda pode ser moída e aproveitada”, explicam Marcelo Di Bonifacio e Vitor Andrioli.
O quanto será perdido de açúcar pelas queimadas é incerto, pois dependerá muito da área total impactada, quanto de mix açucareiro será prejudicado e quanto haverá de perda de produtividade, se houver, na cana restante queimada que será colhida.
A StoneX estima a moagem de 602,2 milhões de toneladas em 2024/25 (abr-mar) e um mix açucareiro de 50,5% no Centro-Sul. Até o momento, o mix não está respondendo aos níveis esperados, se posicionando em 49% no acumulado da temporada, em vista dos problemas mencionados para qualidade da cana.
De acordo com a consultoria, supondo um cenário hipotético em que 30% da área estimada de 215 mil ha é totalmente perdida pelas queimadas, não podendo ser aproveitada, e assumindo que o mix da cana queimada cairá para 40%, com o ATR se mantendo elevado – haveria uma perda potencial ao redor de470 mil toneladas de açúcar.
Vale notar que nas simulações mais pessimistas (e menos prováveis), a perda de açúcar não chega a 900 mil toneladas, 2% do estimado para 2024/25 no Centro-Sul brasileiro.
Para o saldo global, a perda potencial de 470 mil tons tiraria o equivalente a 490 mil tons em valor bruto da produção global, não alterando, o consenso de duas safras superavitárias em 2023/24 (out-set) e 2024/25, cujas estimativas estão em 4,6 milhões de toneladas e 1,2 milhões de toneladas de saldo positivo, respectivamente.
Na última semana, a demanda por hidratado esteve baixa, resultando no segundo menor volume do biocombustível comercializado por usinas paulistas na temporada 2024/25.
Entre 2 e 6 de setembro, o indicador Cepea/Esalq do hidratado fechou em R$ 2,5081/litro (líquido de ICMS e PIS/Cofins), recuo de 1,88% frente ao do período anterior. Já para o anidro, o indicador Cepea/Esalq subiu 0,65%, a R$ 2,9358/litro.
No mercado de açúcar cristal branco, houve um movimento de alta no mercado spot do estado de São Paulo. No balanço de 2 a 6 de setembro, a média do Indicador foi de R$ 136,47/sc de 50 kg, alta de 4,02% em relação à do período anterior.
Pesquisas do Cepea apontam que a procura pelo açúcar cristal no spot paulista aumentou na semana passada, porém, não parece ser um aquecimento do mercado, e sim compradores buscando garantir estoques, com receio de que os preços subam ainda mais no curto prazo (Money Times, 10/9/24)
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