No Centro-oeste brasileiro, indígenas estão sofrendo com falta de água potável nas aldeias em Mato Grosso do Sul.
Caixa seca e torneira que não sai uma gota d’água: realidade que se repete há mais de 15 anos em uma das maiores reservas indígenas urbanas do Brasil, em Dourados .
“Eu tenho criança especial e eu não posso ficar sem água. A minha caixa toda é vazia e, pra eu fazer almoço e dar a dieta pra ele, não tem água’, conta a dona de casa Aldemira Benite.
Quase 20 mil indígenas vivem nessa área de 3.500 hectares . Na comunidade a 15 minutos do centro da cidade, a segunda maior do estado, falta água para tudo.
“Não tem. Tem que descer lá no córrego, né? Para pegar água lá de baixo’, diz a dona de casa Dijaine Peixoto de Souza ao ser questionada pelo repórter como faz para cozinhar.
Mulheres e crianças caminham mais de três quilômetros todos os dias. O destino é um córrego com água muito turva .
“Mais pra lá tem água, tem água encanada, e para nós a água falta. Falta água e nós tem que chegar assim no córrego. Pra nós levar, pra nós beber’, fala a dona de casa Olisa Benite.
Faz mais de um mês que a crise de água se agravou. Em meio à onda de calor, com dias seguidos de temperaturas perto dos 40°C, as bombas que abastecem a reserva pararam de funcionar após uma queda de energia.
Para tentar amenizar o transtorno, a empresa de saneamento básico usa caminhões-pipa . O governo do estado afirma que encomendou um estudo para a construção de dois superpoços, avaliados em R$ 37 milhões. O governo disse ainda que espera receber autorização e recursos do governo federal para fazer a obra.
O Ministério da Saúde disse que técnicos da Secretaria de Saúde Indígena estão na reserva para avaliar e resolver o problema e que poços artesianos devem ser construídos para garantir o fornecimento de água potável.
O pesquisador Thiago Leandro Vieira Cavalcante conta que há muitos anos falta investimento em infraestrutura na aldeia:
“O que a gente vivencia aqui não é falta d’água, até porque a cidade de Dourados não sofre com falta de água, né? O que a gente tem é uma absoluta falta de infraestrutura para distribuição de água tratada, o que leva a uma série de violações de direitos, conforme está previsto na nossa Constituição’.
Quem sofre há anos com a falta de água, ainda tem que lidar com a frustração.
“Parece que nós tá abandonado, verdade mesmo. Eu me sinto abandonado’, desabafa o aposentado Felipe Cavalheiro.
BATANEWS