Analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central voltaram a subir a projeção da inflação para este ano. Segundo os dados compilados pelo Boletim Focus e divulgados nesta segunda-feira, 15, o IPCA deve encerrar o ano em 4,59%, 0,19 ponto acima da semana passada. Com isso, a projeção para a inflação chega no limite de tolerância determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CNM), que é de 4,5% para este ano. Para 2025, o mercado também subiu a estimativa, de 3,97% para 3,99%.
A desancoragem da inflação é dos grandes motivos que levaram o Banco Central a iniciar o aumento das taxas de juros. A projeção, no limite do teto, está bem acima do centro da meta, que é de 3%. Para 2025, o centro da meta também é 3%, com tolerância até 4,5%.
A pressão inflacionária pode levar a mais ajustes na taxa básica de juros, O mercado estima que hajam mais ajustes neste ano, encerrando em 11,75%, mesma estimativa da semana passada. Para 2025, os analistas estimam uma Selic em 11,25% ao ano, 0,25 ponto acima da semana passada. “Os dados sugerem que o COPOM não terá outra opção que não ser duro na condução da política monetária, especialmente porque iremos ter a decisão da taxa praticamente no mesmo dia da eleição nos EUA e a perspectiva que Donald Trump possa ganhar em tese pode fortalecer ainda mais o dólar”, afirma o economista André Perfeito.
Caso haja um estouro da meta, o presidente do Banco Central deve divulgar nesta semana uma carta endereçada ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para explicar por que a inflação fechou acima da meta. A justificativa é uma regra que obriga o BC a dar explicações no caso de falha ao cumprir a meta. A primeira foi escrita por Armínio Fraga, em 2001. A carta também foi entregue nos anos de 2002, 2003, 2015 e 2018 e em 2021 e 2022. Será a primeira carta assinada por Gabriel Galípolo, já que o IPCA fechado do ano só é divulgado em janeiro do outro.
Além da desancoragem, o avanço da atividade econômica também é um dos motivos que levou o BC a começar a o ciclo de aperto monetário. os economistas consultados pelo Focus esperam que o PIB varie 3,05% neste ano, 0,04% a mais que o projetado na semana passada. A estimativa do mercado, entretanto, segue abaixo do estimado pelo Executivo e pelo BC, que é de um avanço de 3,2% para este ano.
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