O Ministério da Saúde anunciou nesta quinta-feira (21) a incorporação da vacina contra a dengue, conhecida como Qdenga, no Sistema Único de Saúde (SUS). O Brasil se torna o primeiro país do mundo a disponibilizar essa vacina de forma gratuita e universal. A medida visa combater a dengue, sendo a vacinação inicialmente focada em públicos e regiões prioritárias, devido à capacidade restrita de fornecimento de doses pela fabricante, Takeda.
A decisão de incorporação foi agilizada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS (Conitec), que recomendou a inclusão da vacina após análise do cenário epidemiológico e avaliação da relação custo-benefício. Apesar da limitação de fornecimento de doses pela Takeda, o Ministério da Saúde destacou que a estratégia de imunização será discutida nas primeiras semanas de janeiro, em conjunto com o Programa Nacional de Imunizações (PNI) e a Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI).
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, explicou que a priorização dos públicos-alvo levará em conta a quantidade limitada de doses disponíveis. A expectativa é que, até o início de 2024, sejam entregues 5.082 milhões de doses, em esquema vacinal composto por duas doses. O cronograma proposto pela Takeda prevê entregas mensais ao longo do ano, totalizando 460 mil doses em fevereiro e 421 mil em novembro.
Carlos Gadelha, secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, ressaltou que a incorporação representa um compromisso com a vida e destacou a redução de 80% no preço inicialmente apresentado pela fabricante. Essa economia de mais de R$380 milhões será direcionada para a saúde da população. Gadelha enfatizou a importância de estimular a capacidade produtiva nacional, incentivando inovação e transferência de tecnologia.
A vacina Qdenga, aprovada para prevenção da dengue na União Europeia, Indonésia e Tailândia, tem indicação para pessoas de 4 a 60 anos de idade, independentemente de exposição prévia ao vírus. O processo de incorporação foi conduzido com celeridade, incluindo uma consulta pública de 10 dias que recebeu mais de 2 mil contribuições. Durante as negociações, o Ministério da Saúde obteve uma redução de 44% no custo por dose, passando de R$ 170 para R$ 95.
Diante do cenário epidemiológico desafiador, com o aumento de casos de dengue, o Brasil reforça seu compromisso no combate às arboviroses, investindo R$ 256 milhões no fortalecimento da vigilância. A inauguração da Sala Nacional de Arboviroses permitirá o monitoramento em tempo real dos locais com maior incidência dessas doenças, preparando o país para uma eventual alta de casos nos próximos meses.