Um homem de 28 anos foi preso em Nova Alvorada do Sul, Mato Grosso do Sul, suspeito de queimar sua companheira de 17 anos. A vítima está internada há 11 dias na Santa Casa de Campo Grande com queimaduras de segundo grau no rosto, tórax e parte superior do corpo. O suspeito apresentou versões contraditórias sobre o incidente, alegando inicialmente que a jovem se queimou ao tentar queimar fraldas com álcool e depois afirmando que ela confundiu diesel com outro produto.
A família encontrou evidências que contradizem essas versões, incluindo um colchão queimado e roupas com cheiro de gasolina. A vítima, que tem TDAH, discalculia e dislexia, foi ameaçada pelo companheiro após sair do coma induzido.
Conforme consta no boletim de ocorrência, a menina sofreu queimaduras de segundo grau no rosto, tórax e parte superior do corpo. O caso ocorreu no dia 2 de novembro e o fato foi registrado na DEAM (Primeira Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Campo Grande) três dias depois.
A mãe da vítima relatou à polícia que só soube do caso após receber a notícia da internação por vaga zero. Segundo o que lhe foi contado naquele momento, a adolescente teria se queimado ao tentar queimar fraldas da filha com álcool em um buraco que teriam explodido.
Já na Santa Casa, o companheiro afirmou que a jovem teria confundido um galão de diesel com outro produto e o abriu perto de um fogão aceso. De acordo com essa versão, a chama teria atingido o combustível dentro do recipiente, provocando uma explosão e espalhando fogo pela cozinha.
As explicações foram vistas com desconfiança pela mãe, que decidiu ir até a casa da filha. Segundo o relato, não havia sinais de incêndio na cozinha. Em vez disso, ela encontrou um colchão parcialmente queimado dentro do quarto e grande quantidade de cabelo queimado no banheiro, além de roupas da jovem com forte cheiro de gasolina guardadas em um saco preto. O galão citado nas versões do companheiro não foi encontrado.
Uma vizinha, que também foi ao local, afirmou não ter visto qualquer vestígio de fogo no ambiente onde o homem disse que tudo aconteceu.
O boletim ainda diz que a adolescente possui laudos médicos que apontam TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), discalculia e dislexia, condições que exigem medicamentos controlados. A mãe relatou que, após ir morar com o companheiro, a jovem teria sido impedida de continuar o tratamento, além de ser afastada da própria família. O comportamento dele era descrito como controlador e abusivo.
O casal estava junto há cerca de dez meses e tem uma bebê de três meses.
Visitas no hospital — Durante a internação da adolescente, a mãe relatou que o suspeito tentava restringir as visitas, inclusive quando ela estava entubada. Em um dos episódios, uma enfermeira precisou pedir que o homem deixasse o quarto para permitir que a família entrasse.
A adolescente foi extubada, mas, segundo o boletim, não conseguia falar devido às queimaduras na região do pescoço e da garganta.
Em uma complementação ao registro, feita na segunda-feira (10), a mãe informou que, quando a adolescente saiu do coma induzido, o companheiro teria dito a ela: “Se você contar a verdade sobre o que aconteceu, eu vou te matar’. A ameaça reforçou a suspeita de violência doméstica.
A família também relatou que o bebê de três meses estava sob os cuidados de familiares do suspeito, que vivem na região do distrito de Pana, em Nova Alvorada do Sul. A mãe da vítima disse ter sido informada de que havia intenção de fugir com a criança. A família conseguiu pegar o bebê antes que isso acontecesse.
Conforme a mãe contou ao Campo Grande News na manhã de hoje, a adolescente passou por uma cirurgia no braço na quarta-feira e permanece estável, mas deve ficar internada por pelo menos mais 30 dias, com previsão de cirurgias plásticas e possível enxerto de pele.
A família diz estar aliviada com a prisão do companheiro e com a segurança do bebê, mas ressalta que a recuperação da jovem será longa e delicada.
