Estudos recentes da Organização das Associações de Produtores de Cana-de-Açúcar do Brasil (ORPLANA), confirmam um desequilíbrio econômico e prejuízo generalizado para os produtores de cana. Independentemente do estado ou tamanho da operação, os agricultores estão enfrentando perdas significativas no custo de produção na safra 2023/2024. Além disso, os diversos modelos de comercialização, como Consecana puro, Consecana + plus, ATR fixo e Cana Spot, não estão proporcionando uma remuneração adequada, pois nenhum deles cobre as despesas dos produtores.
“Como consequência, os produtores de cana estão fechando a safra no vermelho – um prejuízo de R$ 17,3 por tonelada, o que dentro das 60 milhões de toneladas de cana, na área de atuação da ORPLANA, representa um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão”, afirma o CEO da ORPLANA, José Guilherme Nogueira. “É fato que os produtores não estão conseguindo financiar sua atividade”, conta Nogueira.
Na área da ORPLANA, 41% dos contratos estão baseados em Consecana puro e não contemplam nenhum tipo de bonificação. “O Consecana argumenta que a maioria dos produtores tem incentivos por parte das usinas, porém o que é mostrado pelo estudo é exatamente o contrário”, frisa. “Por esses motivos, a ORPLANA tem buscado formas alternativas de remuneração para os produtores, as quais também passam pela necessidade de revisão do modelo Consecana, visando reequilibrar a defasagem na remuneração em que o sistema se encontra atualmente”, completa o CEO da entidade.
“A revisão, prevista em estatuto, já venceu no início deste ano, visto que segundo regulamento do próprio Consecana, deveria acontecer a cada cinco anos. A última foi em 2018”, explica Nogueira. “A ORPLANA vê com muita preocupação esse cenário, mostrando o desbalanço entre o setor – soma-se a isso que as usinas têm recebido 100% dos CBIOs e repassado somente 50% aos produtores, bem como a não distribuição do valor dos créditos outorgados do ICM. Não é natural e nem normal um setor estar em seu melhor momento e outro elo da cadeia com custos altos e rentabilidade baixa. O setor clama por urgência na relação e na revisão do Consecana. E, caso isso não aconteça, a única saída administrativa dos produtores é ir ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica”, explica o CEO da ORPLANA.
BATANEWS