Membros dos ‘kids pretos’ – o grupo de elite do Exército -, um general da brigada, um tenente-coronel e dois majores, além de um policial federal. Esses são os cargos dos agentes presos nesta terça-feira 19 durante a Operação Contragolpe.
Eles são suspeitos de terem planejado um golpe de Estado no País durante o fim do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Entre as suspeitas, os citados também estariam envolvidos em um plano para matar, em 2022, os então presidente e vice-presidente eleitos, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Geraldo Alckmin (PSD), respectivamente. O plano também envolvia o assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O primeiro deles é o general da reserva Mário Fernandes. Ele foi secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro. Recentemente, ele atuou como assessor do deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ), ex-ministro de Saúde de Bolsonaro.
A PF investiga as mensagens que Fernandes enviou ao ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, cobrando adesão ao plano golpista no final do governo Bolsonaro. Fernandes, aliás, já foi alvo de mandado de busca e apreensão durante a Operação Tempus Veritatis, realizada no último mês de fevereiro.
Fernandes é citado, inclusive, por Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, como um dos militares mais inclinados à promoção de um golpe militar no País, ao fim do governo do ex-capitão.
Ele chefiou, durante o governo Bolsonaro, o Comando de Operações Especiais (COpEsp), a divisão do Exército formada pelos ‘kids pretos’. Ele chegou a receber o então presidente no local.
O general de brigada Mário Fernandes, aliado de Jair Bolsonaro, é o principal alvo da operação da PF contra militares golpistas. Na foto, de 2019, o então presidente é recebido pelo general no Comando de Operações Especiais (‘kids pretos’), onde ocupava a chefia. Foto: Isac Nóbrega/PR
Os ‘kids pretos’
Na operação desta terça, a polícia também prendeu o major Rafael Martins de Oliveira. Acusado de ter negociado com Cid o pagamento de 100 mil reais para cobrir os custos da ida de manifestantes para Brasília – que culminou no 8 de Janeiro de 2023 -. Ele chegou a ser afastado das funções no Exército, em fevereiro, logo após a operação Tempus Veritatis, quando foi preso.
Hélio Ferreira Lima, outro preso na operação Contragolpe, é tenente-coronel e comandou a 3 ª Companhia de Forças Especiais em Manaus. Ele também teve que deixar o cargo logo após a operação de fevereiro. Além do posto no Exército, ele também atuou no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro.
Hélio Ferreira é acusado de integrar o grupo que produzia e divulgava informações falsas sobre as eleições de 2022, com o objetivo, segundo a polícia, de “estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações, no intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado”.
Os outros dois presos são o major Rodrigo Bezerra de Azevedo e o policial federal Wladimir Matos Soares. Rodrigo Bezerra é formado em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais de Exército e integrante, assim como os outros militares, integrantes dos ‘kids pretos’. Ainda não há descrição do papel desempenhado pelo agente da PF no plano.