Dívidas são o maior problema quando se enfrenta descontrole no orçamento pessoal. Nessas situações, o mais aconselhável é evitar contrair empréstimos, como destaca Alfredo Coli, coordenador do Serviço de Orientação Financeira da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP.
Ele destaca que alguns problemas são recorrentes e o mais importante, nesse momento, é evitar contrair empréstimos que possam prejudicar ainda mais a situação econômica e a organização financeira, pois mudanças de hábitos são essenciais para a tão almejada recuperação. “A organização financeira e a mudança de hábitos, esses dois assuntos são fundamentais para conseguir se reerguer e é muito importante também entender o cenário em que se está, o ambiente em que se está, e fazer sempre um uso muito consciente do crédito.
O principal ponto para a gente não cair em roubada é não acreditar que os ganhos vêm fácil e o segundo ponto sempre acreditar que o acompanhamento financeiro permite a você ter uma visão do todo, o que vai fazer você tomar melhores decisões.”
A compulsividade foi um problema que se destacou no Serviço de Orientação Financeira. O economista explica que, “quando a gente fala de compulsividade financeira, a gente está se referindo àquelas compras excessivas, descontroladas e sem planejamento. Isso acontece muito relacionado com algumas decisões impulsivas e que geralmente estão motivadas por algumas ações como ansiedade, estresse ou até mesmo euforia. Então, nessas situações de vulnerabilidade, os nossos momentos de instabilidade emocional e financeira fazem com que a gente tenha um alívio temporário através das compras”.
Alfredo Coli Jr. – Foto: LinkedIn/Reprodução
Reconhecer o problema
Para lidar com essa situação, o primeiro passo é o reconhecimento do problema, depois é muito importante manter o controle emocional e iniciar um planejamento estratégico das finanças. Em muitos casos é muito importante o auxílio de um profissional e principalmente praticar o acompanhamento financeiro.
Hoje em dia é muito comum as pessoas participarem das bets, jogos de apostas que podem levar à dependência. O professor Coli explica que “o problema com os jogos já existe há bastante tempo e, com o advento da tecnologia e com a liberação dessas bets, a facilidade de acesso à publicidade intensa fez com que muito mais pessoas aderissem a esse tipo de aposta, que tem uma ilusão de ganho rápido, uma promessa de lucro imediato, que atrai as pessoas em busca de soluções rápidas, mas acabam colocando- as em ciclos viciosos”.
A falta de controle e a expectativa de recuperar o dinheiro perdido se tornam um círculo vicioso, com as pessoas perdendo o que têm e o que não têm, muito por conta dessa falta de controle e dessa ilusão de que o próximo jogo vai trazer o retorno financeiro perdido. É nesse momento que as pessoas entram em um ciclo de risco vicioso, durante o qual gastam e contraem dívidas mesmo quando não têm mais recursos. “Em algumas situações mais graves é necessária a ajuda de um profissional. O primeiro passo é a conscientização e a educação financeira, por meio dais quais a gente consegue mostrar os riscos e os impactos reais dessas apostas. No segundo momento, a gente já parte para um planejamento financeiro, ensinando como organizar e definir as prioridades financeiras, seguido de um acompanhamento contínuo ou até fazendo recomendações de um apoio profissional”, diz ele.
A ajuda de um profissional pode fazer toda a diferença quando há um descontrole em lidar com as finanças. A ajuda terapêutica é importantíssima, principalmente em alguns casos, quando já se tornou um vício e começa a afetar o equilíbrio emocional ou profissional do indivíduo. Coli afirma que toda e qualquer pessoa pode fazer um investimento, mesmo com uma quantia pequena, aproveitando a diversificação dos produtos financeiros.