Flavia Saraiva chegou aos 25 anos nesta segunda-feira (30) acumulado a experiência de quem disputou três Olimpíadas, mundiais e enfrentou lesões, quedas e decepções antes de conquistar sua primeira medalha olímpica, o bronze por equipes em Paris 2024, e um ótimo nono lugar no individual geral. Nos Jogos Olímpicos, encantou com passos de fada e impressionou com o olhar de puma, concentrado, depois de cair no aquecimento, cortar e supercílio e voltar para se apresentar com a ferida suturada. Por trás da ginasta decidida, no auge da forma, existe uma outra Flavinha que só quem treina com ela conhece: a mulher que abraça as atletas mais jovens e tenta dar a elas a segurança necessária para crescerem no esporte.
Aos 18 anos, Julia Soares era a única ginasta ainda adolescente na seleção que disputou as Olimpíadas de Paris. Além disso, era a única que não treinava junto com as outras no dia a dia, no Flamengo. Atleta do Cegin, o Centro de Excelência de Ginástica do Paraná, Julia nunca se sentiu deslocada no meio de Rebeca Andrade, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Flavia Saraiva. Foi abraçada por todas, especialmente Jade, a veterana da equipe, com 33 anos, e Flavia.
– As meninas me acolheram superbem justamente por isso, porque a gente não treina junta. Me abraçaram de uma forma… A Flá e a Jade todo dia iam no meu quarto. A Flá me mostrava vídeos, a gente fazia cabelos juntos, eu e a Flá. A gente via os vídeos e a gente construiu uma amizade. Quando eu soube que eu era finalista (em Paris), a Flá veio com um sorriso enorme no rosto. Ela me trouxe tranquilidade – contou Júlia depois de ganhar o primeiro lugar individual geral no Brasileiro de Ginástica, em setembro, pouco depois de ter completado 19 anos.
Nessa mesma competição, realizada em João Pessoa, Ana Luiza Lima, também de 19 anos, sofreu uma ruptura de tendão de Aquiles direito, pouco tempo depois de se recuperar da mesma lesão, só que do lado esquerdo. A ginasta se deparou com a perspectiva mais uma cirurgia e mais sete meses parada. Chorou, sofreu, mas teve o apoio imediato de Jade e Flávia, que choraram junto com ela. Flavinha ainda a acompanhou até o hospital onde fez a ressonância magnética e não saiu do seu lado.
– Hoje eu estou me sentindo um pouco melhor, ontem foi muito difícil – disse Ana no dia seguinte à lesão, há oito dias: – Não é a primeira vez que eu passo por isso. Na hora eu já sabia o que tinha acontecido, de novo tendão. Foi muito difícil, mas tive ajuda para lidar de uma forma melhor, do Minas, da Flávia e da Jade, sempre do meu lado. A Flávia é a minha melhor amiga. Eu considero a minha família, ela e a Jade. A Flávia é muito incrível. Ela tem um coração enorme e merece tudo de melhor desse mundo.
Em um post no Instagram, Ana Luiza agradeceu às amigas.
– Meu agradecimento especial para a equipe do Minas, que sempre faz de tudo por mim, e para a @jade_barbosa e @flavialopessaraiva. Amo vocês
batanews