A maioria das propriedades rurais de Mato Grosso do Sul enfrenta seca moderada a severa e apenas 5% do território do Estado não foi enquadrado na escassez hídrica. Com tendência do quadro se agravar, o corpo técnico da ANA (Agência Nacional das Águas) aconselhou o órgão a emitir declaração de escassez hídrica.
Há preocupação com abastecimento de água em cidades como Corumbá, Porto Murtinho e Ladário, além de prejuízo à navegação comercial no Rio Paraguai.
O problema foi debatido ontem, durante reunião da sala de crise da BAP (Bacia do Alto Paraguai), no primeiro encontro do ano, e que ocorreu em ambiente virtual, convocado pela ANA.
Na reunião, os técnicos da Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) apresentaram dados que demonstram que MS e MT estão em situação de seca. O problema se agrava em decorrência das altas temperaturas.
Para o trimestre iniciado em maio até julho está previsto a redução da influência do El Niño e, a partir de junho, a chegada de La Niña. Não há previsão de melhora na distribuição de chuvas e a seca deve se prolongar, com queda brusca de temperatura, por conta da chegada do inverno.
Por conta do cenário, o corpo técnico da ANA preparou nota técnica aconselhando o órgão a emitir declaração de escassez hídrica. No documento, constam os riscos para MS:
“Entre os possíveis impactos da seca sobre os usos da água, destacam-se: o comprometimento de captações para abastecimento humano, como é o caso das cidades de Porto Murtinho, Corumbá e Ladário (…) e a navegação comercial no rio Paraguai, que poderá ser prejudicada por falta de calado. Destaca-se ainda a possibilidade do aumento de focos de calor (queimadas) na região durante o período seco’.
Com o nível do rio abaixo da média histórica para o período, e com previsão de reduzir ainda mais, há possibilidade de a captação de água ser suspensa ou que sejam necessários investimentos para continuidade ao serviço.
A medida deve ser apreciada pela diretoria e, sendo deliberada e aprovada, entra em vigor em seguida.
Com a declaração, as empresas concessionárias de distribuição de água podem impor tarifas emergenciais para custear obras ou serviços adicionais para evitar o desabastecimento, explicou o superintendente da ANA, Patrick Tadeu Thomas.
A Sala de Crise da Bacia do Alto Paraguai volta a se reunir no dia 4 de junho, às 15h, também em formato virtual, para avaliar a situação da região e a necessidade de se tomar alguma outra medida para enfrentamento da seca. Além do Cemaden, ONS e da ANA, integram a Sala de Crise representantes do Serviço Geológico do Brasil, INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Imasul (Instituto Nacional de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Cemtec/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), entre outras instituições.
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