A Data Fifa sempre dividiu opiniões. Há torcedores que gostam de acompanhar os jogos de seleções e outros que aproveitam para tirar a cabeça do futebol e focar em outras formas de entretenimento. Mas, a impressão que o atual período de seleções nos dá é que os próprios atletas do primeiro escalão não estão mais tão ávidos de servir seus países em determinados momentos.
É indiscutível a atratividade da Copa do Mundo ou de torneios como a Eurocopa e a Copa América. No entanto, em períodos de Eliminatórias Sul-Americanas, onde 70% das seleções se classificam, e Liga das Nações da Uefa, que ainda não caiu nas graças do povo, o cenário é de pouca utilidade para os jogadores. E, com o calendário inchado e até ameaças de greve, aposentadorias precoces e pedidos de dispensa nas seleções deixam isso claro.
O novo Mundial de Clubes da Fifa, que será disputado pela primeira vez em junho de 2025, com novo formato, escancarou no cenário europeu algo que o futebol brasileiro já nota há anos: um calendário com jogos em excesso. Com isso, alguns atletas de primeiro nível chegam a jogar 60 ou até 70 partidas em uma temporada, aumentando o risco de lesões. Evitar a Data Fifa parece ser uma estratégia.
Segundo estudo do FIFPro, sindicado dos jogadores de futebol, um atleta que disputa entre 40 e 54 jogos por temporada, está em “carga alta”. Acima de 55 partidas já é considerado “carga excessiva”.
Neste mês de outubro, em uma Data Fifa que já seria marcada por importantes desfalques como os lesionados Neymar, Vini Jr, Éder Militão e Bremer, no Brasil, Carvajal e Rodri, na Espanha, e Ter Stegen e Füllkrug, na Alemanha, entre outros, algumas seleções passaram a ficar sem jogadores de destaque por outros motivos.
Os pedidos de dispensa
Alguns nomes relevantes optaram por não servir suas seleções, entre eles o capitão da França, Mbappé, que não foi convocado por Didier Deschamps, por “não estar na forma física ideal”. O curioso é que o craque já voltou a jogar pelo Real Madrid em duas partidas após uma lesão muscular e até foi titular contra o Villarreal, no último sábado.
Na Bélgica, depois de Thibaut Courtois renunciar convocações por problemas de relacionamento com o treinador, Lukaku e De Bruyne também ficaram de fora da lista de Domenico Tedesco.
De acordo com a imprensa local, ambos solicitaram a dispensa, e segundo o treinador, o meia do Manchester City alegou preocupações com a parte física. Até o goleiro Bernd Leno, do Fulham, recusou convocação para a Alemanha, por não ter garantias de que entraria em campo.
Aposentadorias precoces em seleções
Em 2024, uma profusão de jogadores se despediu de suas seleções. Os experientes Ángel Di María, na Argentina, Luis Suárez, no Uruguai, Manuel Neuer e Thomas Muller, na Alemanha, e Olivier Giroud, na França, são alguns dos mais notáveis.
Porém, chama atenção o número de aposentadorias precoces do futebol de seleções. O suíço Shaqiri (32), o francês Griezmann (33) e o alemão Gundogan (33) são bons exemplos de atletas com lenha para queimar com as camisas de seus países que optaram por se aposentar por preocupações com a parte física em meio ao calendário cheio . O meio-campista do Manchester City deixou isso claro em seu discurso de despedida.
– Ainda antes da Euro senti um certo cansaço no corpo e também na cabeça, o que me fez pensar. E os jogos a nível de clubes e seleções não estão diminuindo – explicou Gündogan ao se aposentar da Alemanha.
Seja planejando greve ou evitando convocações em Data Fifa, os atletas do primeiro nível do futebol já se movimentam para amenizar o desgaste físico e mental, além do risco de lesões. O tema calendário é importante e delicado, precisa ser discutido, e só os jogadores, que são os protagonistas, podem evidenciar isso.
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