Há um mês, Paulo Henrique, de 22 anos, está internado em estado grave após complicações de saúde associadas ao uso de pod e narguilé. Os dispositivos de fumar, que incluem cigarros eletrônicos e narguilé, têm se tornado cada vez mais populares entre os jovens, muitas vezes promovidos como alternativas menos prejudiciais em comparação ao cigarro tradicional.
No entanto, o caso de Paulo demonstra a gravidade dos riscos envolvidos. Internado no Hospital Regional de Campo Grande, Paulo perdeu parte do pulmão devido a uma pneumonia grave e um derrame pleural.
As complicações começaram a surgir após apenas quatro meses de uso do narguilé e do ‘pod’, um dos vários tipos de cigarros eletrônicos disponíveis no mercado. O jovem começou a apresentar sintomas como tosse intensa, ignorados de início. A preocupação veio só quando, durante uma crise de tosse, também veio sangue.
Ao procurar tratamento, ele foi transferido com urgência ao hospital, onde foi diagnosticado com pneumonia e derrame pleural. Após duas semanas de tratamento com medicação, sem melhora, os médicos decidiram que uma cirurgia era necessária. Paulo Henrique perdeu parte do pulmão, que estava necrosado devido às complicações.
O caso dele não é único. Conforme o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o tabagismo e a exposição passiva ao tabaco são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças pulmonares, incluindo o câncer de pulmão.
Com a popularização do cigarro eletrônico, principalmente entre jovens, a situação é ainda mais preocupante. Segundo a presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, Margareth Dalcolmo, estima-se que o Brasil já conte com dois milhões usuários de cigarros eletrônicos. A maioria dos consumidores tem entre 15 e 24 anos.
Apesar de a comercialização, importação e propaganda serem proibidas no Brasil desde 2009 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), esses produtos são vendidos ilegalmente pela internet, no comércio formal e informal ou, ainda, podem ser adquiridos no exterior para uso pessoal.
Conforme Larissa Rego, especialista em Regulação da Gerência Geral de Controle, Registro e Fiscalização de Produtos Fumígenos da Anvisa, o principal motivo, principalmente para o público jovem, é que o cigarro eletrônico causa uma falsa impressão de que é menos danoso à saúde, o que não é verdade.
A fiscalização é também um desafio contínuo para as autoridades. Como consequência, o mercado disponibiliza diversos produtos do tipo, incluindo produtos descartáveis, recarregáveis com refis líquidos, e dispositivos de tabaco aquecido.
Eles utilizam diferentes formas de nicotina e expõem o organismo a uma variedade de elementos químicos, incluindo nanopartículas de metal e carcinógenos conhecidos, afirma a Anvisa. O processo de vaporização também pode liberar substâncias citotóxicas que são potencialmente prejudiciais para a saúde pulmonar e cardiovascular.
Hoje, Paulo Henrique continua internado, com um dreno inserido para remover o líquido acumulado no pulmão. Contudo, a situação é delicada, relata a família.
‘O dreno ainda está retirando muito líquido, o que não é um bom sinal. Se isso não melhorar, os médicos terão que realizar outra cirurgia, ainda mais invasiva. O estado dele é bem delicado, pois o pulmão está muito comprometido’, explica a família.
Credito. TOP Mídia News
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