Dudu entrou sorridente no Allianz Parque. Poderia até passar despercebido, sentado no banco de reservas e sem sair dele até o apito final de Palmeiras 2 x 1 Bragantino, não fossem as reações da torcida menos de uma semana depois dele negociar com o Cruzeiro e quase deixar o Palmeiras pela porta de trás.
Reações que parecem transmitir em gestos as palavras que os companheiros fazem questão de dizer: “Tudo isso vai se esquecer”.
Ouviu gritos de “Dudu guerreiro”, viu crianças esticando os braços, tentando chamar sua atenção, e foi afogado em um mar delas, envolto no abraço alviverde, antes mesmo do apito inicial.
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Nos bastidores, o atacante viveu a quinta-feira como um dia normal. Concentrou-se com a equipe, ouviu a preleção e colocou-se como motivado e concentrado para tentar retomar seu lugar.
Se na semana passada pediu ao técnico para não atuar, na vitória sobre o Vasco no Allianz Parque, diante do Bragantino, a panturrilha não era mais problema e o atacante se sentia pronto para entrar. Estava 100% fisicamente, como dizem pessoas próximas ao jogador.
Dudu, no entanto, assistiu tudo do banco de reservas, vendo o experiente Flaco López e os pratas da casa Fabinho, Jhon Jhon, Vanderlan e Garcia saírem dele para entrar.
Na visão de Abel Ferreira, mais do que somente dores físicas, havia outros pontos a se considerar.
– Tem que se colocar no lugar dele, não dormiu três noites. Não está na sua plenitude física. Há alguns dias tiveram coisas que mexeram com ele. O sono não foi o melhor – disse o treinador, antes mesmo da partida começar.
A polêmica havia se tornado pública no sábado, quando o Cruzeiro anunciou um acordo com o Palmeiras e o atacante para contratá-lo em definitivo ainda nesta temporada. Mas os exames não estavam feitos e o contrato não estava assinado. Então a madrugada do domingo foi de reuniões na casa do atleta, em que ele decidiu que iria ficar.
Compareceu ao treino em seguida, conversou com Abel e quando parecia ter a permanência definida, ouviu da presidente Leila Pereira, na segunda-feira, que pelo clube ele estava vendido e teria chegado ao fim do ciclo no Palmeiras. Mais reuniões tomaram a parte da tarde até que – horas antes do jogo com o Atlético-MG – ele confirmou: seguiria no Alviverde.
Foi reintegrado, abraçado pelo treinador ainda na mesma noite, e dessa vez, mais que as noites de sono, o próprio ritmo da partida terminou ditando os rumos da história.
– Entendi que não seria o contexto ideal, porque foi um jogo dividido, intenso e pegado. Ele está aí para nos ajudar e está próximo. Só isso que tenho para vos dizer – concluiu Abel, depois do 2 a 1 sobre o rival.
E entre os atletas, a história não é diferente. Ainda que difícil de falar publicamente. Havia sido apoiado por Piquerez e Mayke nas redes sociais, nas palavras do lateral-esquerdo pós-vitória sobre o Galo e agora também nas de Veiga, que coloca uma missão também ao time: ser suporte no momento de retomada.
– Cada um tem uma forma de pensar, cada um tem um lado. O Dudu, ali no post dele, falou sobre a proposta, sobre a decisão dele. E a Leila também falou o que aconteceu. É difícil falar. Eles que estavam ali dentro da situação mesmo, a gente estava meio do lado de fora, por trás – diz o meia, com cautela.
– A gente tem que fazer de tudo para ele ficar bem, voltar a jogar, voltar a estar feliz. Daqui a alguns dias o Dudu vai voltar, vai fazer gol, vai jogar, vai ganhar. E tudo isso vai se esquecer.
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