O sorriso fácil já habitual não impediu Vitor Roque de dar respostas firmes. Capitão da Seleção Sub-20 que venceu o México na noite de quinta-feira, o camisa 9 sabia que os microfones na sua frente queriam escutar mais sobre o Barcelona do que a partida em São Januário. E não fugiu do tema.
Emprestado ao Betis após meses de poucas oportunidades e muita questionamentos na Catalunha, o ex-jogador do Athletico-PR admitiu a frustração. Não somente por ter atuado tão pouco (16 jogos, apenas dois como titular), mas principalmente pela forma como viveu esses oito meses de Barcelona.
— Foi um pouco complicado para mim. Tive algumas oportunidades, mas não da forma que eu pensei que seria. Estou com a cabeça tranquila. Agora estou focado no Betis, e agradecer a Deus sempre pela oportunidade de mais uma vez estar vestindo a camisa da Seleção aqui.
“Acho que (foi complicado) ao todo. Pensei que seria diferente, tanto no tratamento, tanto na forma de jogar, da diretoria falar comigo. Mas passou, fico feliz de ter a oportunidade no Betis e novamente estar vestindo a camisa da Seleção”, confidenciou Roque.
Fosse com Xavi ou mais recentemente com Hansi Flick, o jovem de ainda 19 anos, que deixou o Brasil como joia e convocado pela Seleção principal, ficou fora dos planos. A diferença de realidade que Vitor Roque garante ter encarado bem graças ao auxílio psicológico fora do clube:
— Eu sempre fiz terapia, sempre fiz com um coach mental. Sempre me ajudou, desde os 16 anos, que passei por uns obstáculos também. Sempre me ajudou. Hoje procuro fazer também, tem me ajudado bastante por passar por diversos obstáculos.
A atenção que esperava ter recebido nos momentos em que não foi aproveitado, Vitor Roque disse ter tido na saída. O Barcelona, por sua vez, é passado, e o foco está no Betis, que tem a opção de compra por 25 milhões de euros ao término da temporada 2024/25.
— Quando saí, conversei, sim. Uma das primeiras vezes… Procurei entender o porquê de estar acontecendo muitas coisas, que não vêm ao caso falar aqui . Me acolheram muito bem, estou muito feliz de estar ali e ter a oportunidade de jogar no Betis.
Com poucos dias de Betis, já foram 33 minutos em campo diante do Real Madrid no último fim de semana. Recomeço para quem trocou a desconfiança na Espanha pelo prestígio da braçadeira de capitão na Seleção Sub-20.
Campeão sul-americano em 2023 sob o comando de Ramon, Vitor Roque estará em campo novamente domingo, diante do México, às 18h30 (de Brasília), em São Januário.
Confira abaixo outros trechos da entrevista de Vitor Roque:
Volta à Seleção Sub-20 — Estou muito feliz. Sempre um prazer vestir a camisa da seleção, independentemente de ser sub-20 ou principal. Claro que sonho de todos é estar na principal, mas é o processo, e sempre respeitei o processo e respeito. Sempre um prazer estar aqui e fico feliz de ter a oportunidade de vestir a camisa da Seleção.
Pensa em retornar ao Barcelona? — Hoje estou pensando no Betis, simplesmente no Betis só. Procuro fazer uma excelente temporada lá. Estou focado lá e, se Deus quiser e as coisas andarem, continuar trabalhando firme e com humildade, as coisas vão acontecer naturalmente.
Por que não deu certo no Barça? — Foi um sonho realizado, só de estar lá. Não culpo ninguém. Talvez quem eu tenha que culpar sou eu, de não ter feito as coisas bem. Mas agora estou feliz no Betis, que é o mais importante.
Dificuldades na Europa — Acho que é muito difícil. Saí muito jovem e ir direto para um clube grande. Às vezes vocês não veem o que está lá dentro, a forma que as pessoas tratam você. Às vezes a cabeça não fica boa, procuro trabalhar ao máximo meu psicológico. Mas às vezes é difícil, é duro. Às vezes os próprios jornalistas não entendem, batem só na tecla de dentro de campo. Se não está bem, sempre vão julgar, e não veem o entorno por causa disso , entendeu? Mas agora estou com cabeça tranquila, isso é o mais importante.
Comparações com Endrick e Estêvão — Já falei isso antes. O torcedor brasileiro tenta sempre tirar uma rivalidade entre eu, Endrick, agora o Estêvão… Só que eu sempre fico tranquilo. É um cara com quem converso sempre, sempre depois dos jogos. Fico feliz de ele estar crescendo, estar na Seleção. Estêvão está chegando agora, indo para o Chelsea, converso bastante. Fico tranquilo, fico feliz e desejo sempre o melhor para eles.
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